Por: Arcione F. Viagi
A educação no Brasil está em alta!
Essa afirmação parece equivocada quando nos deparamos com notícias veiculadas nos meios de comunicação que denunciam a falta de professores e a baixa qualificação de mais de 15% dos professores que estão nas salas de aulas.
Como podemos acreditar que caminhamos para dias melhores se pesquisas mostram que a maioria dos professores decidiu pela profissão por falta de opção e não por vocação?
É uma pena que ainda existam situações que confirmam o ditado popular “Quem sabe faz e quem não sabe ensina”.
Porém, tudo isso faz parte da transição de um país quase feudal em que a minoria dominava a riqueza gerada pelo trabalho da maioria para um país que precisa mudar para fazer frente à concorrência internacional. Diferenciação somente pela mão de obra barata não é mais suficiente para ser competitivo.
Nesse cenário, valorizar a educação é uma conseqüência da pressão competitiva e por isso é um caminho sem volta. A necessidade move os obstáculos, ou seja, na medida em que aumenta a dificuldade para conseguir emprego, aumenta a consciência de que se precisa estudar mais ter empregabilidade, criando um circulo virtuoso em que os pais passam essa constatação para os filhos.
Pena que a falta de políticas sociais e de planejamento de longo prazo levem a um processo evolutivo errático e deixado a bel prazer do acaso.
Em uma federação continental como é o Brasil, todos são chamados a contribuir para o bem de todos, de forma que os estados mais ricos ajudem os mais pobres a resolver seus problemas estruturais, diminuindo as diferenças e os atrativos migratórios prejudiciais para o desenvolvimento de uma nação.
A contribuição dos ricos é uma realidade, podendo ser constatado pelo crescimento da arrecadação do Governo em índices muito acima dos índices inflacionários. Falta controle mais efetivo do uso dos recursos destinados a cada estado e município. Falta maior controle sobre o enriquecimento ilícito dos governantes. Falta mais coragem ao cidadão para exigir zelo pelo bem público.
Mais uma vez voltamos a valorizar a educação porque o medo de exigir respeito dos poderosos é conseqüência da ignorância. Na medida em que o nível educacional da população cresce a consciência dos deveres e direitos de cada um também cresce e fica insustentável a apropriação indevida.
A educação no Brasil está em alta sim. Precisamos ficar indignados com notícias como as já citadas. Indignados a ponto de exigir mudanças na postura dos governantes já, agora! Somente com a união de todos em torno da questão será possível mudar a realidade.
É ilusão esperar que aconteçam mudanças por iniciativa dos governantes. As pessoas que ocupam os cargos públicos têm interesse conflitante com as conseqüências de uma população mais culta. Não é interessante para quem deseja tirar vantagem do cargo público ter um verdadeiro cidadão como cliente.
Chega de brincar de ensinar com professores de segunda classe e mal remunerados, escolas ultrapassadas e sem prioridade. Vamos efetivamente ensinar para promover a evolução da sociedade, melhorar a distribuição de renda e transformar a realidade.
Chego a sonhar com o dia em que pais conscientes do futuro incerto de seus filhos irão se unir para tomar o poder de quem não faz jus ao juramento realizado no momento da posse. Em que sejam feitos tantos processos de impeachment quantos forem necessários para colocar as coisas nos trilhos. Em que as leis realmente permitam que sejam extirpados os cânceres e as sanguessugas da sociedade.
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