sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

बोअस फेस्टस!

Que o espírito natalino
e o ano vindouro
renovem nossas forças em prol de
uma sociedade socialmente justa
e democrática.

Paz e bem!

Executiva e Diretório
PPS-Taubaté

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Como preparar os filhos para a sucessão? Um dilema dos gestores das empresas familiares porque não existe regra e poucos reconhecem essa necessidade enquanto ainda tem controle sobre a situação.
O problema se dá na origem de muitas empresas que são fundadas de forma intuitiva e por necessidade, visto como saída para o desemprego.
Ser empresário no Brasil é ainda uma questão de oportunismo, sorte e perseverança. Até mesmo por questões históricas que formaram uma idéia coletiva de que são exploradores dos empregados, sem alma, capitalistas, enfim uma série de atributos preconceituosos, criando uma barreira para o reconhecimento por parte da sociedade de sua importância para a geração de riqueza. Existe uma verdadeira “venda” nos olhos das pessoas impedindo esse reconhecimento.
Devido a tudo isso muitos empresário afastam os filhos de seus negócios. Não porque querem, mas pela forma como vivem, trabalhando até quinze horas por dia, sem tempo para férias e sem acompanhar as atividades familiares.
Procurando muitas vezes saídas para a sobrevivência da empresa usa como justificativa a necessidade do esforço para o bem da família. O que por um lado é um exemplo de dedicação, mas por outro, forma ao longo do tempo uma visão equivocada dos filhos em relação à opção de ser patrão ao invés de empregado.
Filhos que bem formados, críticos, providos de bens e riqueza têm dificuldade de entender os fatos. Protegidos das amarguras do dia a dia recebem os benefícios que o dinheiro pode comprar e vivem a ilusão da vida fácil.
Sem dar conta do quanto terão que se esforçar para alcançar sua própria independência, são compelidos a enxergar em momentos pontuais vividos com outras realidades a possibilidade de auto-realização - O pai de um amigo - aparentemente sem problemas, um tio - sempre viajando, amigo do amigo - um profissional bem sucedido.
Negando a própria origem decidem por carreiras profissionais que nada tem a ver com os negócios que deram a ele a possibilidade de viver bem.
Gastam anos de estudos, muitos reais, poucas experiências e muitas amarguras e desilusões. Não porque a profissão não seja boa, mas porque têm sua velocidade de amadurecimento e requerem muito esforço para vencer a concorrência acirrada pelos melhores cargos e salários.
O tempo e a perda sentida no padrão de vida são incompatíveis com as expectativas, gerando desconforto e levando os mesmos de volta para o convívio familiar mais seguro e confortável.
Um profissional bem formado, porém, sem as noções mínimas de negócios. Foi formado para ser empregado e não patrão. Passa agora – sem vestibular – para outro estágio o de aprendiz de empresário.
O problema se dá quando ego nas alturas e a autoconfiança minimizam as dificuldades, criando um choque de gerações que transformam a empresa em um campo de batalhas ideológicas, culminando com o afastamento dos pais e com a falência precoce de muitas empresas.
Não há regras e nem certeza de que isso irá ocorrer, mas é preciso reconhecer a possibilidade para evitar o dilema: “pai rico, filho nobre e neto pobre”.

Arcione Viagi - empresário e professor da Unitau

Período nebuloso para os estudantes

Recentemente fomos procurados por uma mãe preocupada com o futuro profissional de seu filho. Sentia que o mesmo estava desanimado e sem estimulo para continuar seus estudos com a mesma dedicação que sempre marcou seu desempenho superior.
A justificativa dada por ele foi que não via perspectiva de emprego que compensasse o investimento de tempo e dinheiro.
Dado a importância do tema e de algumas constatações a respeito concluímos que seria importante apresenta-lo para conhecimento e reflexão de outras pessoas que podem estar vivendo situação semelhante em casa.
Se voltarmos vinte ou trinta anos no tempo, verificaremos que poucos tinham a oportunidade de cursar uma faculdade. As vagas eram limitadas e o controle da oferta e procura se dava pela imposição de vestibular extremamente seletivo ou pela cobrança de mensalidades fora das possibilidades financeiras da maioria.
A dificuldade vencida por poucos era festejada porque muitas vezes o felizardo era o primeiro da família a ter possibilidade de ser “doutor”. Era uma vitória para todos, inclusive pela receptividade do mercado carente de profissionais qualificados.
Em uma realidade de semi-analfabetismo no mercado de trabalho o estudante de nível superior se diferenciava pelo simples fato de ter estudo. A autoconfiança ajudava os recém formados a se posicionarem como superiores, aceitando desafios sem demonstrar receio. O lema era: “dado um problema cabe a nós resolve-lo, pois quem poderia fazê-lo com melhor desempenho?”.
Essa característica cultivada atualmente em poucas escolas e profissões gera a confiança necessária para que os profissionais convençam seus pares e superiores de que são capazes, fazendo jus a posições de liderança e respeito no mercado e nas empresas.
Afinal quem utilizaria um especialista que dado um problema viesse a transferir a decisão e o risco associado a ela para o cliente? Todos respeitam o conhecimento do especialista e esperam que ele saiba o que está fazendo.
O glamour das profissões está se esvaindo pela democratização do ensino em velocidade maior do que o mercado precisa e consegue absorver. É uma questão complexa porque por outro lado precisamos elevar o nível médio de formação da nação, por isso se faz urgente encaminhar ações reais no sentido de tratar a questão.
Estamos formando profissionais sem autoconfiança e sem perspectiva, explicando em parte porque o alto índice de desemprego coexiste com empresas que têm vagas para cargos gerenciais, faltando profissionais preparados para assumi-las.

Arcione Viagi - empresário e professor da Unitau

Carreira profissional ou Qualidade de Vida?

Dilema atual de todos em todas as idades - o que priorizar? Carreira profissional ou qualidade de vida? Essa discussão ganha espaço porque fica mais difícil ter êxito nas duas situações.
Nos moldes tradicionais, desde muito cedo, se quiser ser bem sucedido deve ter um bom emprego e para isso é necessário entrar em uma boa faculdade o que remete a oportunidade de estudar em boas escolas e a dedicação de muito tempo a essa atividade. Para complicar, a escolha está acontecendo cada vez mais cedo e competindo com as necessidades sociais e físicas dos jovens, causando uma distorção de foco porque enquanto em outros países os jovens conseguem conciliar a preparação para a vida adulta com a vida social e esportiva, aqui precisam abrir mão de um em favor do outro.
Nossos jovens mais brilhantes se transformam em adultos sedentários e desprovidos de vivência. Escravos de uma vida pautada pela eficiência e eficácia, imposta desde cedo por escolas cada vez mais focadas no objetivo de obter reconhecimento pelo número de aprovados nos vestibulares das melhores escolas.
Vestibular criado para identificar os mais capacitados, dentre muitos, para poucas vagas, mas que ao longo do tempo se transformou em medidor do quanto o ser humano pode abrir mão de valores pessoais em prol da busca de uma pseudo-realização profissional.
Como resultado! Ao vencerem uma batalha, os jovens se vêem como vencedores da guerra e levam tempo demais para cair na real de que a caminhada somente está começando e o processo que se segue é o que realmente importa.
Há ainda a questão de qual tipo de profissional queremos, pois continuamos formando pessoas para o emprego com carteira assinada e estabilidade, enquanto a sobrevivência exige pessoas completas e capazes de encontrar seus próprios caminhos. Devido a isso, quando se deparam com a realidade do fim do bom emprego os jovens ficam sem perspectiva e perdem a motivação.
A referência dos pais que no passado influenciavam direta e indiretamente os filhos ficou limitada porque sua carga excessiva de trabalho somado as facilidades oferecidas pelos mesmos aos filhos cria uma falsa percepção da competição no mercado de trabalho e das dificuldades da vida.
A sensação de que o trabalho dos pais é incompatível com a vida que têm e desejam ter, diminui o interesse dos filhos pelas carreiras dos mesmos, jogando fora a vantagem de poder ser ajudado pelo conhecimento prévio dos caminhos para o sucesso.
Para os pais, fica a dúvida de como poderiam ajudar e com toda a experiência e boa vontade que tenham, predomina a certeza de que nada se pode fazer a não ser oferecer as opções e deixar que cada um siga seu próprio destino.
O tema merece maior reflexão não importando identificar qual é o problema, se desmotivação, ilusão quanto a realidade ou falta de perspectiva, mas a o foco deve estar na tentativa de encontrar alternativas para a construção dos possíveis caminhos a seguir.

Arcione Viagi - empresário e professor da Unitau

Conflito de gerações.

Sempre que algo novo acontece aparecem teorias que tentam dar explicação para os fatos. Esse procedimento é muito importante para o aprendizado coletivo e pode ser considerado como a base para o desenvolvimento científico dos diversos campos do conhecimento.
Hoje a discussão que está presente nas empresas é sobre o aproveitamento do alto nível de conhecimento e a pré-disposição dos jovens para tudo que é novo e ao mesmo tempo conviver com um estilo despojado e imediatista dos mesmos.
Os especialistas acreditam que isso esteja relacionado com um conflito de gerações que as empresas estão vivendo devido às mudanças no comportamento da sociedade. Para eles no momento existem quatro gerações com características distintas ocupando os cargos de decisão dentro das empresas:
Veteranos ou tradicionais – pessoas que nasceram entre as duas grandes guerras mundiais – 1922 e 1945 – são respeitadores da hierarquia, têm estilo de liderança autoritário, comprometimento, lealdade e os valores absolutos da vida para eles, são: trabalho, família, moral e amor à pátria.
Boomers – são pessoas nascidas logo após a segunda guerra mundial – 1945 e 1965 – foram jovens rebeldes que se tornaram adultos conservadores que consolidaram o estilo de vida moderno com foco no consumo e dependência do trabalho. É a geração em que a carreira fica em primeiro lugar, valoriza o status e ascensão profissional, e foca a vida profissional, sendo fiel a organização em que trabalha.
Geração X – são os nascidos entre 1965 e 1977 e viveram os choques econômicos, tendo seu estilo de vida alterado, levando a falta de otimismo e apatia política. Buscam o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Na família, valorizam a paternidade, são criativos e têm facilidade com a tecnologia. Para eles o emprego é algo instável e por isso são fiéis a si mesmo e não às organizações.
Geração Y – são os nascidos depois de 1977 já inseridos em uma época dominada pela tecnologia e preocupação ecológica. Para eles o mundo é perigoso e aceitam melhor as diferenças culturais e sociais. Devido ao trabalho das mães foram muito cedo para a escola. Tornaram-se mais independentes, agitados, ansiosos e impacientes. Sendo capazes de desenvolver várias atividades ao mesmo tempo. São ecologicamente corretos e socialmente justos, vivem a sobrecarga de informações e por isso têm dificuldade de correlacionar conteúdos. Têm necessidade de queimar etapas.

Não sou totalmente favorável a criação de padrões porque ao conhecer o que se espera que alguém faça já se está impondo certo modelo que por uma questão de não estar fora da “moda” muitos acabam adotando aquele estilo, ou seja, todos precisam de indicações de como proceder nas diversas situações e quando as encontram intuitivamente as adotam. Porém, independente da minha forma de pensar o fato é que a discussão está presente e as perguntas que buscam respostas são:
1. Como conseguir o equilíbrio entre as duas gerações que estão mais presentes nas empresas atualmente – gerações X e Y?
2. Qual é o perfil do gestor que poderá ter mais sucesso na gestão desse conflito de gerações?
3. O que se pode esperar desse jovem desmotivado e inconstante que quer trabalhar, mas precisa ser reconhecido imediatamente para não desistir e partir para outra experiência?

É preciso esclarecer que não há uma receita específica para essas questões. Inicialmente, é preciso reconhecer que existem fatores que dificultam a solução e que o mais importante é reconhecer que existem mudanças reais acontecendo e que todos devem se preparar para aceita-las. Somente depois que o tema é aceito os caminhos a serem trilhados podem ser preparados.
Também os pais precisam participar do problema porque estão diretamente relacionados com a forma que estão criando seus filhos para o mercado de trabalho. Se transmitirem uma visão pessimista das relações trabalhistas estarão incentivando a desconfiança dos futuros profissionais e nesse caso pior do que ser traído por um patrão ou empresa é criar um pré-conceito em que todos são colocados em um mesmo padrão.
O desafio é diminuir as expectativas e aumentar a confiança para voltar a ter jovens vestindo a camisa das empresas. Ninguém irá ganhar com o imediatismo, principalmente quem precisa trabalhar para ser alguém pois somente o trabalho é recompensado.

Arcione Viagi - empresário e professor da Unitau

Reforma Universitária

O tema do momento nas principais instituições de ensino do Brasil é a revisão de seus rumos. O país ainda está longe de ser um bom exemplo de inserção social no 3º. Grau tendo um dilema pela frente porque de um lado é preciso aumentar a oferta de vagas e do outro existe a consciência de que o ensino fundamental e o ensino médio não preparam adequadamente os alunos para uma formação superior mais exigente, levando à conclusão que ao aumentar as vagas existe a tendência de cair à qualidade.
O articulista de um jornal de grande circulação de São Paulo apresentou dados positivos, mas ainda insuficientes para mudar nossa realidade no quesito formação superior. Segundo ele na última década o número de jovens entre 18 e 24 anos fazendo um curso superior dobrou, porém, se considerarmos a taxa de escolaridade bruta como índice comparativo com outras nações, o Brasil ainda deixa a desejar, ou seja, do total de brasileiros em idade correspondente a ter o 3º. Grau somente 30% tem essa escolaridade, enquanto a Bolívia tem 38% e os Estados Unidos tem mais de 80%.
A discussão ganhou destaque porque o novo reitor da USP – Universidade de São Paulo promoveu uma discussão interna e conseguiu a aprovação de uma revisão curricular geral dos cursos oferecidos por aquela instituição.
Em minha opinião demorou muito para que isso acontecesse, pois ao longo das últimas décadas está havendo uma democratização da educação e o sistema de avaliação dos cursos vem ajudando a identificar novos bons exemplos de instituição de ensino superior que antes eram desconhecidas devido aos parâmetros subjetivos que se usava para avaliar a qualidade das instituições.
Chega de esconder a realidade fugindo ou boicotando os sistemas de avaliação (antigo provão ou o atual ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), a realidade precisa vir a tona, não basta ter alta produção científica se os alunos podem obter diploma somente por ter vencido a batalha do vestibular - ferramenta que reflete mais as diferenças sociais e as oportunidades desiguais de nosso país do que o real valor do pleiteante a vaga.
É preciso verificar a produtividade da formação para efetivamente democratizar a educação por que não é possível acreditar ser necessário gastar três vezes o valor gasto em uma escola privada considerada de elite para formar um profissional no 3º. Grau em uma instituição pública. Por exemplo, em uma escola de renome de São Paulo a mensalidade está em torno de R$ 2.000,00, ou seja, um curso de 4 anos custa R$ 96.000,00, sendo a única fonte de recursos para ser investido na formação oferecida.
A diferença se deve a baixa produtividade do uso do dinheiro público mais do que na oferta de um produto diferenciado de qualidade.
Temos que mudar rapidamente para acompanhar a velocidade que o mercado está impondo às empresas. Atualmente a força produtiva e intelectual vem perdendo de longe para a evolução tecnológica, sendo em muitos casos recorrido à importação de profissionais qualificados de outros países (Índia, Paquistão etc) para suprir nossas deficiências internas.
O modelo atual de gestão das universidades públicas precisa ser revisto para um modelo que reflita melhor as necessidades sob pena de perder mais e mais espaço para as instituições privadas que são mais ágeis e dependentes da aprovação do mercado.
Quem sabe esteja na hora de seguir modelos já adotados em outros países em que um CEO – Chief Executive Office (presidente executivo) profissional é contratado para gerir a instituição de forma competitiva e o controle e a definição das diretrizes fica nas mãos dos conselhos representativos da carreira acadêmica.

Arcione Viagi-empresário e professor da Unitau

Será que estamos evoluindo?

Em nosso último artigo tratamos do tema reforma universitária e esse tema também pode ser utilizado para avaliar quanto estamos evoluindo em relação aos países considerados desenvolvidos. Começou uma rotina que todos os pais das classes mais privilegiadas vivem quando seus filhos chegam ao momento de escolher a profissão e a faculdade que irá cursar. Depois de 30 anos estou vivendo a emoção de quando sentei atrás de uma carteira escolar para por a prova meus conhecimentos e lutar contra outros milhares de estudantes tentando uma vaga em uma faculdade de renome.
O pior é que hoje eu efetivamente só posso torcer pelo sucesso de meus filhos e refletir sobre o que mudou no decorrer desse tempo.
Será que estamos muito diferentes? Claro que é sim!
Mudamos muito, quebramos paradigmas e também a hegemonia de algumas poucas instituições que eram sinônimos de excelência, algumas, até mesmo sem ser. A tradição e o corporativismo que garantiam a empregabilidade para aqueles que faziam determinada faculdades deu lugar para uma concorrência mais efetiva no mercado e o efeito escola de primeira linha diminuiu um pouco.
O “provão” permitiu que algumas instituições saíssem do anonimato e passassem a ser reconhecidas pela excelência. E outras tiveram alterado seu “status”. Pena que algumas instituições que estavam teoricamente por cima não quiseram expor suas deficiências e boicotaram o método de avaliação e com sua força política conseguiram mudar para algo menos intenso como o ENADE.
De qualquer forma mudamos, mas ainda estamos longe de conseguir um equilíbrio nas oportunidades. Se antes tínhamos menos vagas, por outro lado poucos tinham a formação mínima necessária para concorrer por elas.
Devido à maior procura por vagas, aumentou também a oferta, ou seja, a lei de mercado agiu para alcançar o equilíbrio, porém a pirâmide social ainda é muito desigual e por isso o mercado tende a responder com produtos também desiguais. Temos hoje muito mais opções de escolha para fazer um curso superior, porém, os critérios de escolha ainda são definidos por dois aspectos:
1) Capacidade de pagar pela formação básica para conseguir vaga em uma faculdade pública mantida pelos impostos de todos. Investimento da ordem de R$ 60.000,00 a R$ 150.000,00 no ensino regular complementado pelo curso pré-vestibular.
2) Capacidade de passar no vestibular e ainda pagar por cursos em instituições privadas de renome. Investimentos podem variar de R$ 100.000,00 (curso de quatro anos) a R$ 400.000,00 (cursos de seis anos).
Em vista dessa realidade acredito que ainda falta muito para mudarmos. No Brasil, enfrentamos alguns grandes desafios. A indústria do curso pré-vestibular que movimenta milhões e a dificuldade de acabar com o vestibular enquanto as escolas públicas forem tão caras para a sociedade e tão ruins em termos de resultados.
Enquanto as escolas privadas forem mais eficientes no uso do dinheiro investido, seremos diferenciados pela capacidade de pagar para dar aos nossos filhos as melhores oportunidades, intensificando as diferenças sociais pela diferença de oportunidade que podemos comprar.
Estaremos evoluídos quando for possível pontuar a vida acadêmica dos candidatos às vagas e de forma mais democrática, escolher os candidatos para as vagas disponíveis. Modelo que não seria novidade dado que já existe há muito tempo nos países com maior igualdade social. Enquanto isso não acontece ficaremos sofrendo com o vestibular e pagando para preparar nossos filhos para ele ao invés de pensarmos no que eles realmente aprenderam.

Arcine Viagi - empresário e professor da Unitau

ENEM – pode ser o início da mudança!

Vimos discutindo o tema educação superior e a acessibilidade à mesma e recentemente tomamos conhecimento pelos meios de comunicação das falhas ocorridas no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM.
Aprofundando a análise do caso é possível entender a importância que esse exame adquiriu no Brasil e como a sua valorização pode ser importante para a inserção social no ensino superior.
Inicialmente algumas poucas universidades adotaram o resultado do ENEM para selecionar seus candidatos a vagas, hoje, porém, muitas universidades, inclusive públicas de renome já aceitam total ou parcialmente esse resultado para selecionar seus alunos. Algumas deixaram de promover seleção via vestibular, definindo pontuação mínima no ENEM como critério de aceitação em seus cursos. Outras aceitam a nota do ENEM para primeira fase de seleção, aplicando provas específicas na segunda fase para alunos que atingiram pontuação exigida para a primeira fase.
Devido a essa constatação devemos refletir sobre as falhas ocorridas anualmente nesse exame que deve ser visto como uma importante mudança no processo seletivo ao terceiro grau e também uma importante ferramenta de inserção social.
Será que é tão difícil preparar e aplicar uma prova nacional? Será que ainda existe interesse conflitante em jogo, afetando a condução do processo? O que explicaria falhas infantis como as relatadas pelos noticiários? Como confiar em instituições que falham em questões tão simples e tem que administrar outras muito mais complexas?
Se considerarmos os recursos hoje destinados a formação secundária particular e aos cursos preparatórios para o vestibular, seria até possível que houvesse interesse conflitante, porém, se pode deixar que o interesse da minoria abastada suplante os interesses da maioria que não tem acesso ao tratamento diferenciado e direcionado para “passar no vestibular”. O problema é tão grave que muitas escolas deixaram de se preocupar com a formação dos alunos, o objetivo é passar no vestibular, mesmo que para isso o curso tenha que ser focado na mecanização e no conhecimento do viés de cada avaliador.
Será que uma formação tão focada realmente é o que queremos para nossos filhos?
Independente da polêmica o ENEM deve ser fortalecido e a pontuação para a seleção de vagas em universidades deveria ser baseada na média de no mínimo três provas anuais, ou seja, deveria haver uma prova por ano com pesos distintos para quem está no primeiro, segundo e terceiro ano de forma que também poderia ser avaliada a evolução dos candidatos além da pontuação recebida.
Acredito que valorizaremos muito mais as escolas, os professores e os alunos porque todos irão ter oportunidades iguais de definir seus destinos e não haverá outras chances de recuperação por meio de cursinhos e vestibulares específicos e diferenciados.
Também os pais seriam obrigados a fiscalizar o ensino que seus filhos estão recebendo porque como a prova do ENEM é nacional haveria uma avaliação das instituições de ensino e os usuários poderiam se envolver e participar da gestão do bem público.
Somente com esse tipo de inserção social poderemos resolver o problema crônico de qualidade do ensino no Brasil.

Arcione Viage - empresário e professor da Unitau

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Folha publica trecho de manuscrito de Prestes sobre Intentona Comunista

Graciliano Rocha

Às vésperas da Intentona de 1935, líder comunista pede envio de agente soviético e prevê levante de massas

Em documentos obtidos pela Folha, Prestes vê oportunidade de tentar derrubar Vargas, então debilitado por greves

Manuscritos do líder comunista Luiz Carlos Prestes (1898-1990) evidenciam a influência soviética na Intentona Comunista, como ficou conhecida a tentativa de derrubar Getúlio Vargas do governo na década de 30.

A Folha obteve cópias dos quatro primeiros documentos de Prestes, guardados em Moscou há 75 anos. Em outubro, o governo russo começou a transferi-los do acervo do Komintern -a 3ª Internacional Comunista- para o Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.

Num relatório em espanhol, datado de 6 março de 1935 -oito meses antes da eclosão do levante-, Prestes faz um apelo para que Moscou enviasse um agente ao Brasil: "A viagem de Rústico [codinome do agente] é cada vez mais urgente".

Em esboço de telegrama datado do mesmo dia, ele diz que sua "entrada no país" está "cada vez mais difícil" e que é "necessário" o envio de "aparato" - não é explicado o que seria isso. O local onde Prestes estava quando escreveu esses textos é incerto.

Em carta, Prestes relata ao Secretariado Executivo do Komintern, em Moscou, que Vargas se debilitara com a "ofensiva do proletariado e empregados do governo por melhora de salário". A reação às greves, escreve ele, viria na forma de uma "nova lei contra os "extremistas'".

Aprovada pelo Congresso e sancionada por Vargas em abril, a Lei de Segurança Nacional criminalizou greves do funcionalismo público, agitação nas Forças Armadas e a propaganda subversiva.

Antifascismo

A carta de Prestes integra um conjunto de comunicações entre o Komintern e agentes na América do Sul entre o final de 1934 e 1935. Parte dos documentos foi revelada no livro "Camaradas" (Cia. das Letras, 1993), do jornalista William Waack. Waack teve acesso aos papéis após o fim da URSS.

Ainda no manuscrito de 6 de março, Prestes propôs que o PCB explorasse ao máximo o seu nome, famoso desde a Coluna dos anos 20, para orientar politicamente a ainda incipiente ANL (Aliança Nacional Libertadora). O comunista já vislumbrava o programa da era pós-Vargas.

O surgimento da ANL, um consórcio de opositores a Vargas, ajustava-se à política do Komintern de estimular a formação de frentes populares em todo o mundo para combater o fascismo.

"As condições atuais no país nos dão a perspectiva de um grande movimento de massas em apoio à ANL, a qual poderá mesmo organizar um governo revolucionário provisório", escreve Prestes no documento.

Derrota

O objetivo imediato seria "mobilizar as mais amplas massas contra o imperialismo e o feudalismo" a partir de um programa brando, pelo aumento de salários e desarmamento dos fascistas.

A história mostraria que não havia "movimento de massas" disposto a fazer a revolução. No final de novembro de 1935, houve levantes em Natal e no Rio, rapidamente debelados. Prestes foi preso em 1936 e no ano seguinte começaria a ditadura do Estado Novo (1937-45).

Moscou só enviou 4 dos 38 documentos

Em material recebido em outubro, há relatório sobre a ANL e anotações sobre viagem de Prestes ao Brasil em 1935

Aprovação de líder na cúpula do Komintern está entre documentos que o Arquivo Nacional ainda não recebeu

Os quatro manuscritos obtidos pela Folha integram um conjunto de 38 documentos que o governo da Rússia se comprometeu a repassar ao Arquivo Nacional, no Rio.

Pedidos de cópias são feitos desde 2005 pela viúva do líder comunista, Maria Prestes, 80, mas a decisão de fornecê-las foi selada em reunião entre os presidentes Lula e Dmitri Medvedev em março deste ano.

A lista completa abrange documentos que vão de 1928 a 1941. O Arquivo Nacional informou que recebeu apenas os manuscritos e que já entrou em contato com o Arquivo do Estado Russo de História Política e Social para o envio do material restante.

Os quatro manuscritos foram repassados pelo número 2 da diplomacia russa, Andrey Denisov, ao diretor do Arquivo Nacional, Jaime Antunes da Silva, em cerimônia no Itamaraty, em outubro.

São eles: relatório sobre a situação do Brasil e da Aliança Nacional Libertadora e uma anotação sobre sua viagem ao Brasil, ambos datados 6 de março de 1935; o esboço de um artigo de Prestes sobre o Exército Vermelho, de 1934, e um telegrama sobre participantes de um Congresso Antiguerra ocorrido no Uruguai, em 1933.

Os outros documentos da lista -e que o Arquivo Nacional diz não ter recebido- captam lances decisivos da preparação e do fracasso da Intentona Comunista, conforme a Folha apurou. Alguns já são conhecidos por pesquisadores brasileiros desde os anos 1990.

Há três atas com a assinatura dos homens mais poderosos do Komintern. Uma delas, de 11 de março de 1934, guarda possivelmente indícios da discussão da primeira grande operação de Moscou para desestabilizar um governo na América do Sul.

Em 8 de junho do mesmo ano, uma reunião da comissão política da executiva do Komintern aprovou o ingresso de Prestes como membro da cúpula da organização -referendado depois. A Embaixada da Rússia em Brasília não se manifestou.

Davi Zaia e Chiquinho Pereira cotados para assumir secretaria em SP

O presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse hoje que a central apresentou ao governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), os nomes do presidente regional do PPS, deputado estadual Davi Zaia, e do secretário-geral da entidade, Chiquinho Pereira, como nomes para ocupar a secretaria estadual do Trabalho. De acordo com Patah, em reunião realizada no fim da manhã de hoje no escritório de Alckmin, o tucano teria ficado satisfeito com as sugestões da UGT.

Parte da central sindical apoiou Alckmin e o candidato derrotado do PSDB à Presidência José Serra na campanha eleitoral deste ano, embora parte significativa tenha ficado ao lado de Aloizio Mercadante e de Dilma Rousseff, ambos do PT.

De acordo com Patah, Alckmin teria reconhecido, durante a campanha, que o PSDB está muito distante dos movimentos sociais. "Alckmin prometeu se aproximar dos movimentos sociais, e nada melhor que alguém que tenha a sensibilidade e a cabeça do trabalhador para a secretaria do Trabalho", afirmou.

Sem citar o nome do atual secretário, o vice-governador eleito Guilherme Afif Domingos, Patah disse que essa promessa de Alckmin passa justamente pela indicação de um trabalhador para a pasta "no lugar de alguém com visão empresarial, por mais competente que seja".

"Alckmin viu com bons olhos nossas sugestões e tenho certeza que vai contemplar o movimento sindical paulista", disse Patah. Afif está em viagem fora de São Paulo e não participou do encontro. Nos bastidores, ele tem se movimentado para acumular o cargo de vice-governador e manter o domínio da pasta.

PPS reitera participação no governo Alckmin e apresenta propostas para administração

O PPS, por meio de seus deputados federais, estaduais e presidentes das instâncias nacional, estadual paulista e municipal paulistana, reiterou o apoio ao governador eleito Geraldo Alckmin e apresentou uma série de propostas concretas para a futura administração.



Um reunião com o governador Alckmin e o anunciado secretário da Casa Civil, Sidney Beraldo, serviu para a entrega de um documento do partido e a discussão de eventual participação de representantes do PPS na administração.

Participaram do encontro os deputados federais Arnaldo Jardim, Dimas Ramalho e Roberto Freire (que é também presidente nacional do PPS), os estaduais Alex Manente, Dr. Gondim, Roberto Morais e Davi Zaia (também presidente estadual), além do subprefeito da Lapa, Carlos Fernandes (presidente municipal do PPS paulistano).



Entre as sugestões do PPS estão medidas para a proteção do meio ambiente e recolhimento de resíduos sólidos, criação de conselhos com a participação da sociedade para discussão de políticas públicas e até encaminhamentos para questões relacionadas com a Copa do Mundo de Futebol, de 2014.