quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ENEM – pode ser o início da mudança!

Vimos discutindo o tema educação superior e a acessibilidade à mesma e recentemente tomamos conhecimento pelos meios de comunicação das falhas ocorridas no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM.
Aprofundando a análise do caso é possível entender a importância que esse exame adquiriu no Brasil e como a sua valorização pode ser importante para a inserção social no ensino superior.
Inicialmente algumas poucas universidades adotaram o resultado do ENEM para selecionar seus candidatos a vagas, hoje, porém, muitas universidades, inclusive públicas de renome já aceitam total ou parcialmente esse resultado para selecionar seus alunos. Algumas deixaram de promover seleção via vestibular, definindo pontuação mínima no ENEM como critério de aceitação em seus cursos. Outras aceitam a nota do ENEM para primeira fase de seleção, aplicando provas específicas na segunda fase para alunos que atingiram pontuação exigida para a primeira fase.
Devido a essa constatação devemos refletir sobre as falhas ocorridas anualmente nesse exame que deve ser visto como uma importante mudança no processo seletivo ao terceiro grau e também uma importante ferramenta de inserção social.
Será que é tão difícil preparar e aplicar uma prova nacional? Será que ainda existe interesse conflitante em jogo, afetando a condução do processo? O que explicaria falhas infantis como as relatadas pelos noticiários? Como confiar em instituições que falham em questões tão simples e tem que administrar outras muito mais complexas?
Se considerarmos os recursos hoje destinados a formação secundária particular e aos cursos preparatórios para o vestibular, seria até possível que houvesse interesse conflitante, porém, se pode deixar que o interesse da minoria abastada suplante os interesses da maioria que não tem acesso ao tratamento diferenciado e direcionado para “passar no vestibular”. O problema é tão grave que muitas escolas deixaram de se preocupar com a formação dos alunos, o objetivo é passar no vestibular, mesmo que para isso o curso tenha que ser focado na mecanização e no conhecimento do viés de cada avaliador.
Será que uma formação tão focada realmente é o que queremos para nossos filhos?
Independente da polêmica o ENEM deve ser fortalecido e a pontuação para a seleção de vagas em universidades deveria ser baseada na média de no mínimo três provas anuais, ou seja, deveria haver uma prova por ano com pesos distintos para quem está no primeiro, segundo e terceiro ano de forma que também poderia ser avaliada a evolução dos candidatos além da pontuação recebida.
Acredito que valorizaremos muito mais as escolas, os professores e os alunos porque todos irão ter oportunidades iguais de definir seus destinos e não haverá outras chances de recuperação por meio de cursinhos e vestibulares específicos e diferenciados.
Também os pais seriam obrigados a fiscalizar o ensino que seus filhos estão recebendo porque como a prova do ENEM é nacional haveria uma avaliação das instituições de ensino e os usuários poderiam se envolver e participar da gestão do bem público.
Somente com esse tipo de inserção social poderemos resolver o problema crônico de qualidade do ensino no Brasil.

Arcione Viage - empresário e professor da Unitau

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