Recentemente fomos procurados por uma mãe preocupada com o futuro profissional de seu filho. Sentia que o mesmo estava desanimado e sem estimulo para continuar seus estudos com a mesma dedicação que sempre marcou seu desempenho superior.
A justificativa dada por ele foi que não via perspectiva de emprego que compensasse o investimento de tempo e dinheiro.
Dado a importância do tema e de algumas constatações a respeito concluímos que seria importante apresenta-lo para conhecimento e reflexão de outras pessoas que podem estar vivendo situação semelhante em casa.
Se voltarmos vinte ou trinta anos no tempo, verificaremos que poucos tinham a oportunidade de cursar uma faculdade. As vagas eram limitadas e o controle da oferta e procura se dava pela imposição de vestibular extremamente seletivo ou pela cobrança de mensalidades fora das possibilidades financeiras da maioria.
A dificuldade vencida por poucos era festejada porque muitas vezes o felizardo era o primeiro da família a ter possibilidade de ser “doutor”. Era uma vitória para todos, inclusive pela receptividade do mercado carente de profissionais qualificados.
Em uma realidade de semi-analfabetismo no mercado de trabalho o estudante de nível superior se diferenciava pelo simples fato de ter estudo. A autoconfiança ajudava os recém formados a se posicionarem como superiores, aceitando desafios sem demonstrar receio. O lema era: “dado um problema cabe a nós resolve-lo, pois quem poderia fazê-lo com melhor desempenho?”.
Essa característica cultivada atualmente em poucas escolas e profissões gera a confiança necessária para que os profissionais convençam seus pares e superiores de que são capazes, fazendo jus a posições de liderança e respeito no mercado e nas empresas.
Afinal quem utilizaria um especialista que dado um problema viesse a transferir a decisão e o risco associado a ela para o cliente? Todos respeitam o conhecimento do especialista e esperam que ele saiba o que está fazendo.
O glamour das profissões está se esvaindo pela democratização do ensino em velocidade maior do que o mercado precisa e consegue absorver. É uma questão complexa porque por outro lado precisamos elevar o nível médio de formação da nação, por isso se faz urgente encaminhar ações reais no sentido de tratar a questão.
Estamos formando profissionais sem autoconfiança e sem perspectiva, explicando em parte porque o alto índice de desemprego coexiste com empresas que têm vagas para cargos gerenciais, faltando profissionais preparados para assumi-las.
Arcione Viagi - empresário e professor da Unitau
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