quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Reforma Universitária

O tema do momento nas principais instituições de ensino do Brasil é a revisão de seus rumos. O país ainda está longe de ser um bom exemplo de inserção social no 3º. Grau tendo um dilema pela frente porque de um lado é preciso aumentar a oferta de vagas e do outro existe a consciência de que o ensino fundamental e o ensino médio não preparam adequadamente os alunos para uma formação superior mais exigente, levando à conclusão que ao aumentar as vagas existe a tendência de cair à qualidade.
O articulista de um jornal de grande circulação de São Paulo apresentou dados positivos, mas ainda insuficientes para mudar nossa realidade no quesito formação superior. Segundo ele na última década o número de jovens entre 18 e 24 anos fazendo um curso superior dobrou, porém, se considerarmos a taxa de escolaridade bruta como índice comparativo com outras nações, o Brasil ainda deixa a desejar, ou seja, do total de brasileiros em idade correspondente a ter o 3º. Grau somente 30% tem essa escolaridade, enquanto a Bolívia tem 38% e os Estados Unidos tem mais de 80%.
A discussão ganhou destaque porque o novo reitor da USP – Universidade de São Paulo promoveu uma discussão interna e conseguiu a aprovação de uma revisão curricular geral dos cursos oferecidos por aquela instituição.
Em minha opinião demorou muito para que isso acontecesse, pois ao longo das últimas décadas está havendo uma democratização da educação e o sistema de avaliação dos cursos vem ajudando a identificar novos bons exemplos de instituição de ensino superior que antes eram desconhecidas devido aos parâmetros subjetivos que se usava para avaliar a qualidade das instituições.
Chega de esconder a realidade fugindo ou boicotando os sistemas de avaliação (antigo provão ou o atual ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), a realidade precisa vir a tona, não basta ter alta produção científica se os alunos podem obter diploma somente por ter vencido a batalha do vestibular - ferramenta que reflete mais as diferenças sociais e as oportunidades desiguais de nosso país do que o real valor do pleiteante a vaga.
É preciso verificar a produtividade da formação para efetivamente democratizar a educação por que não é possível acreditar ser necessário gastar três vezes o valor gasto em uma escola privada considerada de elite para formar um profissional no 3º. Grau em uma instituição pública. Por exemplo, em uma escola de renome de São Paulo a mensalidade está em torno de R$ 2.000,00, ou seja, um curso de 4 anos custa R$ 96.000,00, sendo a única fonte de recursos para ser investido na formação oferecida.
A diferença se deve a baixa produtividade do uso do dinheiro público mais do que na oferta de um produto diferenciado de qualidade.
Temos que mudar rapidamente para acompanhar a velocidade que o mercado está impondo às empresas. Atualmente a força produtiva e intelectual vem perdendo de longe para a evolução tecnológica, sendo em muitos casos recorrido à importação de profissionais qualificados de outros países (Índia, Paquistão etc) para suprir nossas deficiências internas.
O modelo atual de gestão das universidades públicas precisa ser revisto para um modelo que reflita melhor as necessidades sob pena de perder mais e mais espaço para as instituições privadas que são mais ágeis e dependentes da aprovação do mercado.
Quem sabe esteja na hora de seguir modelos já adotados em outros países em que um CEO – Chief Executive Office (presidente executivo) profissional é contratado para gerir a instituição de forma competitiva e o controle e a definição das diretrizes fica nas mãos dos conselhos representativos da carreira acadêmica.

Arcione Viagi-empresário e professor da Unitau

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