quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Carreira profissional ou Qualidade de Vida?

Dilema atual de todos em todas as idades - o que priorizar? Carreira profissional ou qualidade de vida? Essa discussão ganha espaço porque fica mais difícil ter êxito nas duas situações.
Nos moldes tradicionais, desde muito cedo, se quiser ser bem sucedido deve ter um bom emprego e para isso é necessário entrar em uma boa faculdade o que remete a oportunidade de estudar em boas escolas e a dedicação de muito tempo a essa atividade. Para complicar, a escolha está acontecendo cada vez mais cedo e competindo com as necessidades sociais e físicas dos jovens, causando uma distorção de foco porque enquanto em outros países os jovens conseguem conciliar a preparação para a vida adulta com a vida social e esportiva, aqui precisam abrir mão de um em favor do outro.
Nossos jovens mais brilhantes se transformam em adultos sedentários e desprovidos de vivência. Escravos de uma vida pautada pela eficiência e eficácia, imposta desde cedo por escolas cada vez mais focadas no objetivo de obter reconhecimento pelo número de aprovados nos vestibulares das melhores escolas.
Vestibular criado para identificar os mais capacitados, dentre muitos, para poucas vagas, mas que ao longo do tempo se transformou em medidor do quanto o ser humano pode abrir mão de valores pessoais em prol da busca de uma pseudo-realização profissional.
Como resultado! Ao vencerem uma batalha, os jovens se vêem como vencedores da guerra e levam tempo demais para cair na real de que a caminhada somente está começando e o processo que se segue é o que realmente importa.
Há ainda a questão de qual tipo de profissional queremos, pois continuamos formando pessoas para o emprego com carteira assinada e estabilidade, enquanto a sobrevivência exige pessoas completas e capazes de encontrar seus próprios caminhos. Devido a isso, quando se deparam com a realidade do fim do bom emprego os jovens ficam sem perspectiva e perdem a motivação.
A referência dos pais que no passado influenciavam direta e indiretamente os filhos ficou limitada porque sua carga excessiva de trabalho somado as facilidades oferecidas pelos mesmos aos filhos cria uma falsa percepção da competição no mercado de trabalho e das dificuldades da vida.
A sensação de que o trabalho dos pais é incompatível com a vida que têm e desejam ter, diminui o interesse dos filhos pelas carreiras dos mesmos, jogando fora a vantagem de poder ser ajudado pelo conhecimento prévio dos caminhos para o sucesso.
Para os pais, fica a dúvida de como poderiam ajudar e com toda a experiência e boa vontade que tenham, predomina a certeza de que nada se pode fazer a não ser oferecer as opções e deixar que cada um siga seu próprio destino.
O tema merece maior reflexão não importando identificar qual é o problema, se desmotivação, ilusão quanto a realidade ou falta de perspectiva, mas a o foco deve estar na tentativa de encontrar alternativas para a construção dos possíveis caminhos a seguir.

Arcione Viagi - empresário e professor da Unitau

Nenhum comentário:

Postar um comentário