quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Conflito de gerações.

Sempre que algo novo acontece aparecem teorias que tentam dar explicação para os fatos. Esse procedimento é muito importante para o aprendizado coletivo e pode ser considerado como a base para o desenvolvimento científico dos diversos campos do conhecimento.
Hoje a discussão que está presente nas empresas é sobre o aproveitamento do alto nível de conhecimento e a pré-disposição dos jovens para tudo que é novo e ao mesmo tempo conviver com um estilo despojado e imediatista dos mesmos.
Os especialistas acreditam que isso esteja relacionado com um conflito de gerações que as empresas estão vivendo devido às mudanças no comportamento da sociedade. Para eles no momento existem quatro gerações com características distintas ocupando os cargos de decisão dentro das empresas:
Veteranos ou tradicionais – pessoas que nasceram entre as duas grandes guerras mundiais – 1922 e 1945 – são respeitadores da hierarquia, têm estilo de liderança autoritário, comprometimento, lealdade e os valores absolutos da vida para eles, são: trabalho, família, moral e amor à pátria.
Boomers – são pessoas nascidas logo após a segunda guerra mundial – 1945 e 1965 – foram jovens rebeldes que se tornaram adultos conservadores que consolidaram o estilo de vida moderno com foco no consumo e dependência do trabalho. É a geração em que a carreira fica em primeiro lugar, valoriza o status e ascensão profissional, e foca a vida profissional, sendo fiel a organização em que trabalha.
Geração X – são os nascidos entre 1965 e 1977 e viveram os choques econômicos, tendo seu estilo de vida alterado, levando a falta de otimismo e apatia política. Buscam o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Na família, valorizam a paternidade, são criativos e têm facilidade com a tecnologia. Para eles o emprego é algo instável e por isso são fiéis a si mesmo e não às organizações.
Geração Y – são os nascidos depois de 1977 já inseridos em uma época dominada pela tecnologia e preocupação ecológica. Para eles o mundo é perigoso e aceitam melhor as diferenças culturais e sociais. Devido ao trabalho das mães foram muito cedo para a escola. Tornaram-se mais independentes, agitados, ansiosos e impacientes. Sendo capazes de desenvolver várias atividades ao mesmo tempo. São ecologicamente corretos e socialmente justos, vivem a sobrecarga de informações e por isso têm dificuldade de correlacionar conteúdos. Têm necessidade de queimar etapas.

Não sou totalmente favorável a criação de padrões porque ao conhecer o que se espera que alguém faça já se está impondo certo modelo que por uma questão de não estar fora da “moda” muitos acabam adotando aquele estilo, ou seja, todos precisam de indicações de como proceder nas diversas situações e quando as encontram intuitivamente as adotam. Porém, independente da minha forma de pensar o fato é que a discussão está presente e as perguntas que buscam respostas são:
1. Como conseguir o equilíbrio entre as duas gerações que estão mais presentes nas empresas atualmente – gerações X e Y?
2. Qual é o perfil do gestor que poderá ter mais sucesso na gestão desse conflito de gerações?
3. O que se pode esperar desse jovem desmotivado e inconstante que quer trabalhar, mas precisa ser reconhecido imediatamente para não desistir e partir para outra experiência?

É preciso esclarecer que não há uma receita específica para essas questões. Inicialmente, é preciso reconhecer que existem fatores que dificultam a solução e que o mais importante é reconhecer que existem mudanças reais acontecendo e que todos devem se preparar para aceita-las. Somente depois que o tema é aceito os caminhos a serem trilhados podem ser preparados.
Também os pais precisam participar do problema porque estão diretamente relacionados com a forma que estão criando seus filhos para o mercado de trabalho. Se transmitirem uma visão pessimista das relações trabalhistas estarão incentivando a desconfiança dos futuros profissionais e nesse caso pior do que ser traído por um patrão ou empresa é criar um pré-conceito em que todos são colocados em um mesmo padrão.
O desafio é diminuir as expectativas e aumentar a confiança para voltar a ter jovens vestindo a camisa das empresas. Ninguém irá ganhar com o imediatismo, principalmente quem precisa trabalhar para ser alguém pois somente o trabalho é recompensado.

Arcione Viagi - empresário e professor da Unitau

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