sexta-feira, 8 de abril de 2011

Educação: Sobre cotas e mulheres

Carta Aberta da colega Ivani Lopes Sampaio do Nascimento


O presidente do PPS Roberto Freire comprometeu-se, caso seja aprovada a lista dos partidos políticos, respeitar as cotas para mulheres, independente se entrar ou não na reforma política. Como educadora e cidadã sempre me posicionei contra o sistema de cotas nas universidades, seja para grupos étnicos ou alegações de pobreza extrema. Defendemos a igualdade entre as pessoas como está expresso na Constituição. Defendo a oportunidade para todos de uma educação de qualidade, oferecida gratuitamente e obrigatoriamente pelo Estado. Essa educação de qualidade passa pela valorização e qualificação dos profissionais de educação e por políticas sociais mais adequadas no país, sem paternalismos ou assistencialismos. Sempre digo que o modelo de educação adotado no Brasil desde o período colonial deu certo porque, historicamente, com faces diferentes foi feito para excluir. A reforma de 1971, disfarçada com o rótulo da democratização da escola pública, nada mais foi do que uma nova forma de descriminação. Atualmente a aprovação automática, no Rio deJaneiro na era Maia e, hoje, o falso modelo de fim da aprovação automática, nada mais são do que formas discriminatórias entre o ensino oferecido nas escolas públicas municipais e as boas escolas particulares. Vemos aqui o crescimento da rede privada às custas da desvalorização do ensino opúblico no país. Sabemos que muitas escolas públicas dão um banho nas particulares, mas o cidadão acaba pagando duas vezes pela educação dos filhos: através dos impostos e pelo pagamento direto ao setor privado. O mesmo acontece com a saúde pública, cada vez mais doente no país. A saber, as instituições particulares vivem um drama pelo mau atendimento e pelos baixos repasses destinados aos profissionais credenciados pelos convênios. Voltando ao sistema de cota, não concordo com o atendimento especial às mulheres. Não é assim que vamos ser reconhecidas numa sociedade. Sou contra a discriminação à qual estamos submetidas durante décadas e mais décadas. Segundo a ONU, as mulheres levarão 400 anos para terem paridade com os homens na sociedade. Reparem que na maioria somos nós mulheres que educamos nossos filhos e estes passam a ocupar os setores da sociedade, agindo de forma discriminatória. Sou a favor dos partidos políticos oferecerem às suas mulheres militantes oportunidades iguais, da mesma forma que defendo às oportunidades iguais a todos os filiados, sem privilégios para as estrelas partidárias. Reproduzimos aqui o mesmo que acontece no time de futebol. Parece que "as estrelas" que ganham salários milionários jogam a partida sozinhos, sem dependerem dos outros jogadores do mesmo time. Sei que o nosso presidente Roberto freire quer dar um passo gigantesco a frente do nosso tempo, mas enquanto não oferecermos oportunidades de instrumentalização e condições para as nossas filiadas não mostraremos à sociedade o mérito que temos. Acho que, aprovada ou não a cota para mulheres na lista, o PPS tem muitos nomes de mulheres capazes de compor qualquer lista, independentemente das cotas, em respeito ao trabalho desenvolvido por essas mulheres. Ivani

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